ARMAZENE - Associação Brasileira de Armazenamento de Energia

Em alta, armazenamento de energia pode atrair US$ 12,5 bilhões ao ano para o Brasil

Nilton Hirota, prefeito de do pRegistro e Rui Chammas, diretor-presidente da ISA CTEEP, durante inauguração rimeiro projeto de armazenamento de energia em baterias em larga escala do Brasil - Divulgação/ISA CTEEP

Reportagem do jornal Valor menciona o trabalho pioneiro da ISA Cteep em Registro (SP), realizado em parceria com a YOU.ON, fornecedora das baterias que formam o sistema de armazenamento de energia da subestação no interior paulista

Um estudo feito pela consultoria Clean Energy Latin America (Cela) mostrou que o mercado de sistemas de armazenamento em baterias no Brasil deve atingir crescimento de 12,8% ao ano até 2040, com incremento de até 7,2 gigawatts (GW) de capacidade instalada no período.

Essa tendência irá se traduzir numa movimentação financeira anual estimada em cerca de US$ 12,5 bilhões - ou algo como R$ 60 bilhões, informa o jornal Valor em reportagem publicada nesta terça-feira, dia 26.

No entanto, o avanço do mercado de baterias a serem incorporadas na infraestrutura de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica no país depende de incentivos adequados, regulamentações e metas estabelecidas.

A avaliação é da CEO da Cela, Camila Ramos, para quem os incentivos adequados se referem a uma regulação robusta que inclua a possibilidade de sistemas de armazenamento proverem serviços para o sistema elétrico brasileiro, a inclusão da tecnologia em leilões de reserva de capacidade e a possibilidade que esses sistemas "empilhem receitas", tendo em vista seus diversos atributos benéficos ao setor elétrico.

"No momento atual, não há regulação específica para sistemas de armazenamento e isso traz insegurança regulatória e de remuneração desses projetos para que os investimentos sejam realizados em maior volume", afirma a consultora.

O que deve puxar essa demanda, na opinião de Camila Ramos, são as políticas de descarbonização e a necessidade de maior estabilização das fontes renováveis intermitentes, como as fontes eólica e solar, que hoje ditam o ritmo de expansão do sistema elétrico brasileiro.

A necessidade de maior estabilização das fontes renováveis intermitentes, e o papel que o armazenamento pode representar nessa tarefa, ganha maior importância quando considerada a análise que a ex-ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, publicou nesta mesma terça-feira, dia 26, no jornal O Estado de S. Paulo, em conjunto com o executivo André Clark, VP Sênior da Siemens Energy para a América Latina.

No artigo, que faz uma avaliação geral do papel do Brasil no G20, Izabella e André escrevem que atualmente, o país é um dos poucos do mundo que apresenta excesso de energia renovável, gerando entre 20% a 30% acima da sua própria demanda, além de contar com projetos solares e eólicos em vias de construção que, quando concluídos, serão equivalentes entre uma e três vezes o consumo interno do país.

No mundo, o mercado de armazenamento já encontra ritmo de expansão na China, EUA e Europa, mas ainda engatinha em países da América Latina. No Brasil, o caso da transmissora ISA Cteep é o único em larga escala no país hoje. O sistema de baterias está instalado na subestação em Registro (SP) e tem 30 megawatts (MW) de potência, com capacidade de entregar 60 megawatts-hora (MWh) de energia por duas horas para uma região de até dois milhões de pessoas. Outros projetos no Brasil não superam 2 MW de capacidade de descarga.

O primeiro e bem-sucedido teste do sistema da Isa Cteep está completando um ano: foi no dia 31 de dezembro de 2022, aproveitando os picos de energia causados pelas festas de final de ano. Nessa instalação pioneira no Brasil, a concessionária de origem colombiana contou com o suporte da YOU.ON Energy, fornecedora de baterias da CATL importadas da China, e que também deu suporte à toda operação em conjunto com a TS Infraestrutura.