Exclusivo: Projeto leva energia limpa e gera renda para comunidade remota em Paraty

As três famílias caiçaras que vivem no local agora têm acesso à energia elétrica limpa durante 24 horas por dia (Divulgação) -
Desenvolvido pela empresa Liberdade Solar, moradores do Saco das Anchovas passam a ter acesso à eletricidade por mei
Após décadas dependendo de lamparinas, velas e, mais recentemente, geradores a diesel que funcionavam apenas algumas horas, as três famílias caiçaras que vivem no local agora têm acesso à energia elétrica limpa durante 24 horas por dia -- e sem interrupções.
Isto foi possível graças ao projeto Paraty Solar, desenvolvido pela empresa Liberdade Solar, que concluiu recentemente a primeira fase e instalou um sistema fotovoltaico com baterias de armazenamento.
Por meio de uma microrrede inteligente de tecnologias verdes, é possível conectar todas casas da comunidade e garantir segurança alimentar, geração de renda e conectividade digital.
O sistema inclui 5,8 kilowatt-pico (kWp) de painéis solares, 8 kW de inversores e 14,4 kWh de baterias de lítio, além de rede elétrica subterrânea e monitoramento remoto.

Economia local
O impacto na vida dos moradores vai muito além da eletricidade. Com geladeiras e freezers funcionando constantemente em suas casas, os pescadores locais podem armazenar adequadamente seus produtos, transformando a pesca de subsistência em atividade econômica.
"Nossa pescaria sempre foi para alimentação da comunidade, pois nunca pudemos armazenar de forma segura os peixes. Muitas vezes, tínhamos até que devolver os peixes no mar, pois a quantidade era maior do que o nosso consumo", relatou Claudio dos Remédios, morador da comunidade.
Ezequiel Santos, nascido no Saco das Anchovas, destaca o contraste da mudança. "Desde sempre, nossas luzes sempre foram de lamparina, vela e lampião. Nos últimos 15 anos, a comunidade passou a usar gerador a diesel, que joga poluição no ar e deixa resíduos no solo. Agora, podemos guardar nossa pesca e até montar um pequeno negócio com a venda", celebrou.
A transformação energética também abre portas para o turismo sustentável. Uma das casas da comunidade foi convertida em hospedaria para ecoturismo, oferecendo uma nova fonte de renda durante a baixa temporada de pesca.
Além disso, há o acesso contínuo à internet via Starlink, possibilitando também oportunidades em educação a distância.
Sustentabilidade e preservação
Segundo a empresa, o projeto respeita rigorosamente as diretrizes ambientais do Parque Estadual da Juatinga e da Área de Proteção Ambiental (APA) do Cairuçu, ambos reconhecidos pela UNESCO como patrimônio natural.
A microrrede tem capacidade de geração de 806,4 kWh por mês, eliminando completamente a necessidade dos geradores a diesel que antes poluíam o ambiente.
"A energia solar com baterias é uma ferramenta poderosa de desenvolvimento econômico, social e ambiental. Em comunidades isoladas, essas tecnologias transformam realidades, trazendo dignidade, educação, saúde e renda, sem agredir o meio ambiente", disse em comunicado Michel Sednaoui, CEO da Liberdade Solar.
O projeto incluiu a capacitação dos moradores locais para operar e manter o sistema energético. Carolina Santos, uma das moradoras, relatou que nunca pensou aprender sobre o tema. "Agora, com o treinamento que recebi, posso ajudar toda a comunidade que vive aqui", disse.
O monitoramento do sistema será feito remotamente via Internet das Coisas (IoT), com suporte técnico contínuo fornecido pela empresa responsável pelo projeto.
O investimento foi da própria Liberdade Solar e quer ser modelo de uma iniciativa privada voltada para a transformação social e ambiental. O foco da empresa é em geração fotovoltaica e sistemas de armazenamento energético para comunidades em situação de vulnerabilidade.
Exame
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